Amiga, vamos ser sinceras: vivemos em uma sociedade que nos ensina a fugir do que é “ruim”. Desde cedo, escutamos frases como: “Sentir raiva tá errado!”, “Você tem que ser uma pessoa equilibrada!”, “Você tem que aguentar o trabalho que não gosta!”, “Se você coloca limites, você ofende o outro!”. E a gente, sem perceber, aprende a acreditar que, ao seguir essas “regras”, a raiva, a frustração, a tristeza e a angústia simplesmente deixam de existir.
E a gente até consegue, por um tempo, reprimir essas emoções. Parece que nada de ruim está acontecendo, que está tudo sob controle. Mas essa suposta calma é uma ilusão. O corpo, nosso templo mais honesto, começa a dar sinais, gritar por atenção. E aí, “de repente”, aparece um torcicolo persistente, uma dor no joelho que não passa, sua menstruação desregula misteriosamente, você começa a ter surtos de irritação que não entende de onde vêm, ou até mesmo se sente constantemente esgotada. E o pior: muitas vezes, não associamos essas dores físicas e desequilíbrios com o fato de termos reprimido nossas emoções.
O que fazemos? Tomamos remédios para a dor, bebemos além da conta para anestesiar a mente, descontamos em quem não tem nada a ver com a história. Tudo isso, sem tomar consciência dos nossos próprios conteúdos internos, sem nos percebermos verdadeiramente responsáveis pela nossa própria vida emocional.
O Corpo Grita O Que a Alma Calou
Vamos sentindo, reprimindo, acumulando camadas e mais camadas de emoções não processadas, e descontando essa energia tóxica em algo ou alguém externo. Não nos permitimos sentir realmente a emoção em sua plenitude, principalmente aquelas que julgamos serem “erradas”, que enxergamos como “fraqueza”. A raiva vira mau humor passivo-agressivo, a tristeza vira um vazio sem fim, o medo vira paralisia e ansiedade.
E o ciclo se perpetua: os problemas aparecem e se manifestam no corpo e na vida porque não conseguimos permanecer no que nos deixa desconfortáveis. Não conseguimos ficar no corpo quando sentimos algo desconfortável, preferimos fugir. Mas aqui está o paradoxo: se nós nos travamos para não sentir os desconfortos, acabamos não sentindo as coisas boas e bonitas também. A alegria vira superficial, o prazer se torna efêmero, e a conexão genuína com a vida se esvai.
O Preço da Anestesia Emocional
Nos tornamos um verdadeiro depósito de emoções acumuladas e reprimidas, nos anestesiando com o mundo externo – seja ele comida, compras, redes sociais ou até mesmo uma produtividade frenética. É como viver atrás de uma cortina, sem deixar a energia fluir, sem perceber a beleza, a sabedoria e a alquimia de cada emoção.
Quanto mais esforço a gente faz para não sentir, pior é. Mais energia perdemos nessa luta interna, menos fluidas nos tornamos, mais pesadas e desconectadas ficamos da nossa própria essência. É um esgotamento invisível que drena nossa vitalidade e criatividade.
Seu Convite à Liberdade: Pare, Respire e Sinta
A liberdade emocional não está em controlar ou eliminar emoções, mas em sentir com consciência. É um ato de coragem e amor-próprio.
Então, da próxima vez que uma emoção “desconfortável” surgir, eu te convido a fazer algo radicalmente simples e transformador:
- Pare. Pare o que estiver fazendo, mesmo que por um minuto.
- Respire. Puxe o ar profundamente e solte-o lentamente. Use a respiração como uma âncora para o presente.
- Sinta a emoção. Permita que ela esteja ali. Sem julgar, sem tentar resolver, sem culpar nada e ninguém. Apenas sinta.
- Sinta no seu corpo onde ela está. Perceba as sensações físicas. Há uma tensão na nuca? Um aperto no peito? Um calor na barriga? Apenas observe, sem querer mudar.
- Respire profundamente para essa área do corpo, convidando a emoção a fluir.
Lembre-se, amiga: está tudo bem sentir exatamente o que você está sentindo nesse momento! Essa emoção não vai te destruir. Ela é uma mensageira, e ao permiti-la existir, você não só a desarma, mas também se abre para uma vida mais autêntica, conectada e verdadeiramente livre. Abrace o desconforto, e nele você encontrará uma nova forma de ser e sentir a plenitude da vida.